Polícia Civil prende em Fortaleza casal suspeito de estelionato e outros crimes

26 de agosto de 2019 - 19:07 # # # #

A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), em uma ação desenvolvida pelos Departamento de Polícia do Interior Norte (DPI / Norte), por meio da Delegacia Municipal de Monsenhor Tabosa, e do Departamento de Proteção aos Grupos Vulneráveis (DPGV), por meio da Delegacia de Combate a Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca), prendeu um casal envolvido com estelionato e outros crimes praticados no município de Monsenhor Tabosa. A ação ocorreu na última sexta-feira (23), no bairro Lagoa Redonda – Área Integrada de Segurança 03 (AIS 03) – em Fortaleza. Os detalhes da investigação policial foram divulgados em coletiva de imprensa, na tarde desta segunda-feira (26), no auditório da Superintendência da Polícia Civil.

O homem, um paulista – natural de Carapicuíba – de 32 anos, foi capturado com sua companheira, uma cearense de 33 anos. O casal foi preso por força de mandado de prisão preventiva. No momento das prisões, a dupla estava com quatro crianças, filhos deles, que precisaram receber acompanhamento pela Dceca.

As investigações

As apurações policiais tiveram início em maio deste ano, quando a Delegacia Municipal de Monsenhor Tabosa passou a investigar o crime de estelionato praticado pelo casal contra 19 comerciantes no município. Com o aprofundamento das investigações, a Polícia Civil descobriu uma teia de crimes cometidos por eles, tais como tortura, estupro de vulnerável e crime contra a pessoa idosa.

Conforme o delegado Luiz Arthur, titular da Delegacia Municipal de Monsenhor Tabosa e responsável pelas investigações, a dupla é suspeita se apropriar de bens do pai da mulher presa, um idoso de 79 anos. A dupla recebia o benefício do idoso, porém não o utilizava com a vítima, deixando-o sem alimentação e cuidados básicos.

Luiz Arthur explicou que paralelamente às investigações de estelionato, a PCCE recebeu do Conselho Tutelar de Monsenhor Tabosa uma denúncia que o casal cometia tortura contra todos os seus filhos. “Com essa informação, imediatamente, nós instauramos um inquérito policial e, com auxílio da Polícia Civil do Estado do Paraná, localizamos uma das vítimas que confirmou que foi torturado por dois anos. Essa vítima também relatou a violência sexual contra uma de suas irmãs, à época com oito anos. Então, nesse momento das investigações, nós já estávamos com os mandados de prisões, mas a nossa maior preocupação não era capturar o casal, mas sim conseguir retirar essas crianças do ciclo de violência que elas viviam. Nossas investigações prosseguem no sentido de colher mais elementos de autoria e materialidade a fim de comprovar os crimes praticados contra os menores” revelou o delegado.

Luiz Arthur explicou ainda que no momento das prisões, os policiais encontraram as crianças com sinais aparentes de maus tratos. “Nós localizamos o casal e as quatro crianças. Elas estavam em uma total situação de abandono e com fome”, disse. O delegado revelou ainda que a mulher presa confirmou as agressões que o marido cometia com as crianças. “A mulher afirmou que o homem torturava as crianças. Elas eram submetidas a uma condição degradante, a um intenso sofrimento físico, na condição de serem disciplinadas. Um dos castigos aplicados pelo homem era o chamado ‘plantão’, que consistia em as vítimas ficarem trancafiadas, por 24 horas, em um quarto escuro sem comer e beber”, disse ele.

A delegada Yasmin, da Dceca, explicou a atuação da especializada no caso. “Nós demos total apoio a ação policial e fizemos a intermediação, junto com os órgãos que compõe a rede de proteção. Essas crianças foram encaminhadas ao Conselho Tutelar de Fortaleza, para verificar se elas seriam abrigadas ou colocadas em uma família estendida. Foi encontrada uma avó em Curitiba, então elas serão remetidas para lá”, explicou Yasmin.

A delegada reforçou ainda a importância da denúncia. “É muito importante que qualquer cidadão que tome conhecimento que há uma criança ou adolescente vítima de violação, seja abuso sexual ou exploração sexual, que comunique a Polícia”, frisou. Yasmin explicou ainda o perfil dos abusadores. “A maioria dos criminosos fazem parte da constelação familiar da criança, ou são pessoas próximas, vizinhos, guias espirituais, professores, pessoas que fazem transporte escolar. São pessoas acima de qualquer suspeita. Afinal de contas, você não entregaria seu filho a uma pessoa que você não confiasse completamente. Então fiquem atentos as alterações comportamentais das crianças para tomar as providências necessárias”, finalizou a delegada.

Denúncias

A população pode contribuir com as investigações, repassando informações que possam auxiliar os trabalhos policiais. As denúncias podem ser feitas pelo número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), ou ainda para o número (88) 9.9951-9337, que é o Whatsapp da Delegacia Municipal de Monsenhor Tabosa, por onde podem ser feitas denúncias via mensagem. O sigilo e o anonimato são garantidos.