Draco prende integrante de organização criminosa em hotel de luxo na Capital

19 de novembro de 2018 - 18:11 # # #

Era no quarto de um hotel de luxo, localizado na orla de Fortaleza, que Antônio Guerra de Oliveira Filho (35), o “Cabeça”, se escondia desde que havia conseguido liberdade condicionada ao uso de tornozeleira eletrônica, em agosto deste ano. A última prisão do suspeito também havia sido efetuada por equipes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), responsável por investigar a atuação de “Cabeça” e de mais de uma dezena de comparsas dele em crimes como tráfico de drogas, organização criminosa e “lavagem” de dinheiro, para citar alguns. A prisão de “Cabeça” foi efetivada, na última quarta-feira (14), graças ao cumprimento de um mandado de prisão preventiva em seu desfavor. Em outras ações da Draco, foram cumpridos outros três mandados de prisão contra comparsas da organização criminosa e foram apreendidos material bélico, entorpecentes e dinheiro. Os detalhes do caso foram apresentados, na manhã desta segunda-feira (19), em coletiva de imprensa, no Complexo de Delegacias Especializadas (Code), em Fortaleza.

Há cerca de três meses, após conseguir liberdade da Justiça, Antônio Guerra de Oliveira Filho (35), o “Cabeça”, “Astronauta”, “Crânio” ou “Irmão 3”, saiu de uma residência de luxo, localizada no bairro Sapiranga (Área Integrada de Segurança 7), onde residia, para se abrigar em um hotel de luxo na Avenida Beira Mar, no bairro Meireles, na AIS 1. De lá, conforme levantamentos da Draco, o suspeito exercia o comando sobre as negociações de entorpecentes na região do Curió, Lagoa Redonda, Messejana – bairros situados na AIS 3 – e Sapiranga. “É importante destacar que o trabalho investigativo em cima da atuação desse grupo criminoso foi crucial para detectar as ramificações e o papel dos integrantes nas ações criminosas na Capital. Essas prisões colaboram, sem dúvida, para desmantelar o crime organizado no Estado”, revela o titular da Draco, delegado Harley Filho.

Ponto de partida

As investigações acerca das ações criminosas da organização chefiada por “Cabeça” iniciaram a partir de um inquérito instaurado por portaria, em novembro de 2017, para apurar o tráfico de drogas na região onde o suspeito atuava. Desde então, a Operação Arapuca, batizada pelos policiais civis da especializada, se debruçou em reunir evidências que mostrassem o percurso das ações ilícitas e a atuação dos integrantes na organização criminosa. A primeira incursão policial aconteceu, em abril de 2018, em razão de cumprimento de mandado de busca e apreensão, em um imóvel localizado no Conjunto São Miguel, na Grande Messejana. No local, foram apreendidas uma réplica de fuzil, um fuzil AK 47, em torno de 4 kg de maconha, 1,5 kg de cocaína e um pistola .40. Com exceção do simulacro de fuzil, os demais materiais estavam enterrados na residência. Ninguém foi preso.

Prisões dos alvos

Na segunda fase dos trabalhos policiais, a Draco localizou e prendeu Natanael Rocha Prates (25), o “Nael”, por força de um mandado de prisão preventiva. Ele é apontado como o “gerente” do tráfico no Curió e no Conjunto São Miguel, subordinado às ordens de “Cabeça”. A ação policial resultou ainda na apreensão de 10 kg de maconha, 1,6 kg de crack, balança de precisão, dois revólveres calibre 38 e uma espingarda calibre 12 municiada. O material foi encontrado em imóveis indicados pelo suspeito. “Nael” responde pelos crimes de homicídio, tráfico e associação para o tráfico de drogas, roubo, furto associação criminosa, receptação, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, crime ambiental e por integrar organização criminosa.

A terceira fase foi deflagrada na semana passada, com o cumprimento do mandado de prisão contra “Cabeça”. O suspeito estava hospedado em um hotel de luxo de categoria quatro estrelas, na Avenida Beira Mar, na orla de Fortaleza. Com ele, os policiais apreenderam R$ 5.948,00 em espécie. Por decisão judicial, três imóveis utilizados por “Cabeça” e em nome de terceiros foram confiscados, assim como um veículo Toyota Corolla e de R$ 22.828,00 em espécie, frutos de apreensão em junho deste ano, quando o suspeito foi preso anteriormente. As residências de luxo estão localizadas nos bairros Sapiranga e Granja Portugal, em Fortaleza, e no município de Aquiraz. Conforme investigações da Draco, “Cabeça” residia no imóvel da Sapiranga antes de ser preso em junho, já a unidade de Aquiraz servia para a realização de festas nos fins de semana. “Cabeça” acumula passagens pelos crimes de tráfico e associação para o tráfico de drogas, tentativa de homicídio, receptação, por integrar organização criminosa, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e corrupção ativa. “Cabeça” foi indiciado por integrar organização criminosa, posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, associação para o tráfico de drogas, tráfico de drogas e “lavagem” de dinheiro.

Em ação contínua das equipes da Draco, após a prisão de”Cabeça”, outros dois integrantes do grupo criminoso foram presos por força de mandados de prisão preventiva. São eles: Manuel Prudêncio do Vale Filho (36), indiciado por integrar organização criminosa, tráfico e associação para o tráfico de drogas; e Ivonaldo Vitor Silva Nogueira (24), o “Bochecha”, com passagens por tráfico e associação para o tráfico de drogas, associação criminosa, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, receptação, corrupção de menor, tentativa de homicídio e por integrar organização criminosa. A ofensiva policial apreendeu ainda 1 kg de entorpecentes (maconha, cocaína e crack) encontrado em uma residência de um dos alvos investigados, que conseguiu fugir. Conforme aprofundamento das investigações, “Bochecha” seria responsável pela “segurança” de áreas no bairro Curió onde o grupo atuava, assim como cumpria as ordens de execução a mando do chefe.

Balanço da operação

Até o momento, as ações da Draco, com foco nesse grupo, resultaram nas prisões de quatro integrantes da organização criminosa, na apreensão de 18 kg de drogas (entre maconha, cocaína e crack), um fuzil AK-47 calibre 7.62, um simulacro de fuzil, uma espingarda calibre 12, dois revólveres calibre 38, três imóveis sequestrados, um veículo apreendido e quase R$ 30 mil em espécie, dinheiro oriundo das negociações de entorpecentes do grupo.

Repressão ao crime organizado

“As prisões de integrantes que cumprem a função de chefia em organizações criminosas desestabilizam o crime organizado na medida em que a influência exercida por eles é afetada sobremaneira nas ações criminosas desempenhados pelos seus membros. Por isso, é fundamental que esses criminosos estejam fora do convívio social para proteger a sociedade de novos crimes”, ressalta o delegado Klever Farias, que integra a equipe de investigação da Draco. A unidade especializada em reprimir às ações de grupos criminosos que atuam no Ceará mantém as investigações sobre as atividades do grupo no Estado, bem como apura a participação de outros integrantes da organização criminosa. A Draco disponibiliza um número de WhatsApp por onde podem ser enviadas denúncias que colaborem com os trabalhos policiais. O número para contato é (85) 98969-0182. Para fazer denúncias não é necessário se identificar. O sigilo da fonte é garantido.