Polícia Civil desarticula esquema criminoso que aplicava golpe na venda de apartamentos
5 de agosto de 2019 - 19:24 #DDF #Investigação #PCCE
Uma ação da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), por meio da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF), resultou na desarticulação de um esquema criminoso desenvolvido por uma associação que aplicava golpe de venda de apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida, em Fortaleza. A ação foi realizada, na última sexta-feira (2), e divulgada, na tarde desta segunda-feira (5), em coletiva de imprensa, na sede da Superintendência da Polícia Civil, em Fortaleza.
Policiais civis da DDF prenderam cinco pessoas integrantes da Associação Realizando Sonhos, localizada na Avenida L, do bairro Conjunto José Walter, na Área Integrada de Segurança 9 (AIS 9). Foram capturados: Ana Paula Clemente da Silva (38), presidente da associação, além de Sérgio Luiz Ferreira Rios Filho (27), Wellington Fábio Lima da Costa (27), Emerson Bento de Souza (40) e Maria Clemilda Vasconcelos Borges (34). Todos sem antecedentes criminais. Eles foram presos em flagrante quando realizavam atendimentos dentro da associação.
A Polícia chegou ao local, após denúncia formalizada pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento Habitacional (Habitafor) da Prefeitura Municipal de Fortaleza, dando conta que membros de uma associação estavam captando pessoas com a garantia de recebimento de apartamentos no Residencial Cidade Jardim II, no Conjunto José Walter, caso os pretendentes pagassem uma determinada quantia de entrada e parcelas mensais.
Conforme explicou Jaime de Paula Pessoa Linhares, titular da DDF, a especializada recebeu as denúncias e desenvolveu uma investigação. “A equipe da DDF esteve presente no local e fez a prisão de quase toda a diretoria da associação, pois foi presa a presidente, a tesoureira, o vice-presidente e alguns colaboradores”, disse Jaime. O delegado afirmou ainda que esses colaboradores funcionavam como captadores de pessoas interessadas, geralmente, em pessoas de baixa renda, que tinham um sonho, que era a casa própria.
“Nós ouvimos várias vítimas que chegaram a pedir dinheiro emprestado para pagar a inscrição. Esses golpistas nunca procuraram aHabitafor, ou a Secretaria das Cidades, para fazer ou levar uma consulta ou inscrição dessas pessoas. O intuito primeiro e único dessa associação era causar prejuízo e obter a vantagem. Eles procuravam pessoas da comunidade com promessa em cima dessas casas que iriam ser sorteadas. Nós conseguimos estancar esse golpe que estava tomando conta do José Walter e o entorno com mais de duas mil pessoas cadastradas. Temos centenas de cadastro, centenas de recibo dado não só pela diretoria da associação, mas pelos colaboradores que recebiam o dinheiro tanto na sede da associação como também no meio da rua”, detalhou o delegado.
Conforme a Polícia Civil investigou, os valores de entrada variavam entre mil e dois mil reais. Durante as diligências realizadas, foram encontrados R$ 8,8 mil em espécie, documentos – tais como fichas de cadastro, recibos, declarações de beneficiários da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, contratos de alienação fiduciária, termos de desistência, listas com nome dos associados –, além de agendas com anotações, cadernos de movimento de caixa, carimbos, cartões de apresentação da associação, um HD portátil e um pen drive, 14 aparelhos celulares e oito notebooks.
Durante a coletiva de imprensa, o delegado geral da Polícia Civil, Marcus Rattacaso, ressaltou a importância do trabalho policial que foi desenvolvido. “Além do aspecto criminal, a Polícia Civiltem uma função social de fazer as recomendações importantes para a sociedade. A casa própria é um sonho de todos, então, isso aguça a pessoa de ter uma casa. Não caiam no golpe do falso, pois é exatamente isso que instiga a esses fraudadores. A partir do sonho de ter aquela casa, você começa a ficar ‘cego’ para conseguir aquilo e é nessa hora que o fraudador entra, nessa fragilidade”, pontuou Rattacaso.
As investigações apontam que cerca de duas mil pessoas foram vítimas do grupo, porém, a Polícia Civil segue com as investigações no sentido de identificá-las. O delegado geral revelou a estimativa que o grupo possa ter arrecadado. “Esse golpe atingiu para mais de duas mil pessoas e com valores compreendendo de mil a dois mil reais por pessoa, preliminarmente se estima um golpe aproximado de 2 milhões de reais em prejuízo”, revelou Rattacaso.
O grupo foi levado à sede da DDF, onde foi autuado em flagrante por estelionato, associação criminosa, falsificação e uso de documentos públicos e particulares, além de falsidade ideológica.A PCCE orienta ainda que as pessoas que caíram no golpe se dirijam até a sede da DDF (localizada no Complexo de Delegacias Especializadas, no bairro Aeroporto) para registrar a ocorrência.
O representante da Habitafor, Arnóbio Gomes, reforçou sobre o caminho legal para realizar o cadastramento e participar do programa em Fortaleza. “O caminho correto e seguro é o cidadão fazer um cadastro nas regionais para participar do sorteio. É importante dizer que não existe pagamento de nada, nenhuma associação, ninguém pode cobrar nada. O programa é totalmente gratuito, não existe cobrança”, finalizou ele.