Casal alvo da Operação Arrebol era responsável por chefiar organização criminosa

7 de agosto de 2020 - 18:50 # # # # #

Um homem e uma mulher eram responsáveis por chefiar uma organização criminosa (orcrim), cuja atuação era focada no tráfico de drogas e na resolução de conflitos, entre moradores, para que a Polícia não interferisse na atividade ilícita da orcrim. Esse é o balanço inicial da investigação feita a partir dos levantamentos policiais conduzidos pela Delegacia Municipal de Independência com o apoio da Delegacia Regional de Crateús. Na manhã dessa quinta-feira (6), 18 pessoas, incluindo o casal chefe do grupo criminoso, foram presas em razão dos mandados judiciais da Operação Arrebol. A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) apresentou os detalhes em coletiva de imprensa, nesta sexta-feira (7), na sede da Delegacia Geral, em Fortaleza, com a presença do diretor Departamento de Polícia Judiciária do Interior Norte (DPJI Norte), Marcos Aurélio França; do titular da Delegacia Regional de Crateús, Renê Mesquita; e do titular da Delegacia Municipal de Independência, Matheus Araújo.

O casal, Gracias Rodrigues de Morais (42), o “Irmão Cipriano”; e Maria Edilene Alves Feitosa (40), é suspeito de coordenar as negociações do tráfico de drogas do município de Independência, na Área Integrada de Segurança 16 (AIS 16). Mas a orcrim também contava com o apoio de integrantes envolvidos com a prática de homicídios, lavagem de dinheiro, comércio ilegal de arma de fogo, corrupção, corrupção de menores e ameaça. As investigações da Polícia Civil evidenciaram ainda dois alvos que colaboravam diretamente com o esquema criminoso chefiado pelo casal: uma servidora pública do Poder Judiciário de Independência e um advogado que prestava serviço para Gracias e Edilene. Conforme apuração, a servidora seria encarregada de passar informações privilegiadas e sigilosas por intermédio de um advogado, que é investigado por trabalhar a serviço do grupo criminoso. Ele foi alvo de um mandado de busca e apreensão na ofensiva policial, enquanto a servidora foi afastada das funções do cargo do Poder Judiciário.

Para os investigadores, há indícios suficiente, que apontam o recebimento de dinheiro por parte da servidora do Judiciário em troca de informações, que eram repassadas para o advogado do casal. Ambos os investigados pela Operação Arrebol são parentes, o que teria facilitado o contato entre os envolvidos. Dessa maneira, o trabalho que eles desenvolviam como profissionais permitia o acesso ao andamento de processos, cujos integrantes da organização criminosa respondiam na Justiça. Ao longo de sete meses de investigações sobre o grupo, a Polícia Civil identificou que as atividades ilícitas advinham de bastante tempo. As apurações continuam em andamento para identificar outras pessoas envolvidas com as ações da orcrim.

Durante as diligências para o cumprimento dos mandados judiciais, as equipes policiais apreenderam ainda R$ 11.700,00 em espécie, além de relógios, aparelhos celulares e um veículo modelo Peugeot. O material foi recolhido da residência do casal apontado como chefes da organização criminosa, em Independência. Outros dois veículos e três motocicletas também foram apreendidas nos endereços que constavam nos mandados judiciais. Uma pessoa, que fazia leitura em medidores de água, foi autuada em um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) por favorecimento pessoal por ter avisado a um dos alvos da operação sobre a chegada dos investigadores.

As investigações sobre a atuação do casal apontam que eles também agiam na resolução de conflitos, entre os moradores, para que a Polícia ficasse alheia às ações criminosas do grupo. Além disso, eles são investigados por financiarem eventos beneficentes utilizando o dinheiro das negociações do tráfico de drogas, como descreve o delegado Matheus Araújo. “Eles são as cabeças da organização criminosa, principalmente ele. A mulher atuava em sua ausência. Ele ordenava homicídios, desenvolvia atividade de milícia, pacificando conflitos. Ele fazia um trabalho de abordagem para que as pessoas não fossem até a delegacia para que ele pudesse pacificar os conflitos e ganhar credibilidade com a população mais carente. Além disso, financiava eventos beneficentes com o dinheiro do tráfico.”

Operação Arrebol

O principal objetivo da Operação Arrebol é desarticular a organização criminosa que atua na prática de diversos crimes ocorridos em municípios do Interior Norte do Estado, com base em Independência, município onde o casal reside. Os mandados de prisão e de busca e apreensão, oriundos da Vara de Delitos de Organizações Criminosas do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), foram cumpridos nas cidades de Crateús, Hidrolândia, Independência e Fortaleza. Ao todo, os policiais civis cumpriram 12 mandados de prisão em Independência, um em Fortaleza, um em Crateús e outros quatro contra alvos que já estavam recolhidos no sistema penitenciário do Estado. Além das prisões, a Polícia Civil cumpriu um mandado de afastamento contra uma servidora efetiva que trabalha no Fórum de Independência sob a suspeita de ela passar informações privilegiadas e sigilosas por intermédio de um advogado.

Denúncias

A Polícia Civil ressalta que a população pode contribuir com as investigações repassando informações que auxiliem os trabalhos policiais. As denúncias podem ser feitas pelo número (88) 3675-1620, da Delegacia Municipal de Independência. A unidade policial também disponibiliza o telefone (88) 99488-5958, que é o número de WhatsApp para denúncias. O sigilo e o anonimato são garantidos.